terça-feira, 1 de abril de 2008

A JUVENTUDE VERDE FRENTE AOS NOVOS DILEMAS DO SÉCULO XXI


“Hoje encontramos no mercado uma série de produtos desprovidos de suas propriedades essenciais: café sem cafeína, creme de leite sem gordura, cerveja sem álcool... E a lista não tem fim: o que dizer do sexo virtual, o sexo sem sexo; da doutrina de Colin Powell da guerra sem baixas (do nosso lado, é claro ), uma guerra sem guerra; e por fim da redefinição contemporânea da política como arte da administração competente, ou seja, a política sem política ” Slavoj Zizek



Diante dos desafios que o Terceiro Milênio traz consigo, um dos mais preocupantes é a superação da crise por que passa a democracia representativa. Se hoje constatamos uma progressiva ocupação do mercado nas decisões políticas e, atrelado a estas, os interesses econômicos que se camuflam em torno dos Partidos Políticos, torna-se necessário que os mesmos concentrem forças para estabelecermos e criarmos alternativas frente aos novos paradigmas por que se passa a Democracia.
O momento por que passamos traz à memória a historia de louco que procura uma chave perto do poste de luz; quando lhe perguntam por que procurar ali, se ele tinha perdido a chave num canto escuro, ele responde “Mas é mais fácil procurar onde está claro!”. Não é ironia definitiva o fato de os tecnocratas pregarem a falência do modelo democrático em nome da governabilidade, colocando a vontade popular em segundo plano. O que se parece constrangedor é o fato de aceitarmos que nós, cidadãos comuns, fiquemos totalmente dependentes das autoridades para saber o que esta ocorrendo, ou seja, nada vemos nem ouvimos, tudo o que sabemos já foi decidido, ferindo os princípios democráticos. Para fazer um paralelo com a história do louco, todos nós, sejam os políticos ou intelectuais, insistimos em procurar a solução para sairmos da crise democrática dentro das formas propostas há séculos, ou seja, procuramos a solução onde está claro, mas dificilmente, encontraremos, se esforços não forem despendidos, para nos apontarem o “lugar” correto onde nos perdemos.
Nós jovens do Partido Verde, temos que tentar elucidar os instrumentos de controle do poder político e buscar soluções frente as reformas pelas quais o Estado passou e que não foram acompanhadas por mecanismos de controle mais efetivos, ou seja, o que é notório, neste momento, é alertar a toda a sociedade que existe um descompasso entre as modernizações econômicas do aparelho Estatal frente à permanência de estruturas arcaicas de controle de poder e, infelizmente este descompasso fere os valores centrais defendidos pelos Verdes do mundo todo, ou seja, a liberdade, a igualdade e a supremacia da vontade popular. Nós da Juventude Verde devemos nos organizar para mostrar aos cidadãos que é possível e necessário utilizar os novos mecanismos do Estado que tornam o Governo mais eficiente e, ao mesmo tempo, construir um espaço de cidadania plena de determinação do exercício de poder político feito pelo povo.
Trata-se de construir uma alternativa para quem não se satisfaz com a definição contemporânea da política como arte da administração competente, como afirma o filósofo esloveno Slavoj Zizek “a política sem política” que aparentemente nos dá a liberdade de escolher o que quisermos, desde que façamos a escolha “certa”, sendo o certo uma escolha imposta. Para tanto, torna-se necessário que pensemos profundamente estas questões, procurando um equilíbrio entre a técnica e a política. Se utilizarmos ambas de maneira dissociadas, encontraremos descaminhos para a sociedade e, em medida certa, juntas podem apontar para um caminho em que o sonho humano de felicidade encontre seu longo percurso a ser percorrido.
É importante salientar que pela primeira vez na história do PV foi nomeada uma Secretaria Nacional da Juventude, esse instrumento conquistado pelos jovens verdes deve servir como um amplo espaço de discussão dos problemas por que passa nossa civilização, e propor a todas as instâncias internas do Partido formas de mobilização que possibilitem uma maior “oxigenação” das idéias dentro de nossa agremiação.
Penso que a meta inicial desta Secretaria é cobrar de todos Estados a nomeação das Secretarias Estaduais da Juventude, para que o mesmo possa ocorrer em todos os Municípios, passada esta etapa acredito que devemos realizar um grande congresso até o fim deste ano para decidir e votar coletivamente quais teses que levaremos as ruas para construir um mundo melhor e mais sustentável.



Mauricio Brusadin – Secretário
Nacional da Juventude

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