terça-feira, 13 de maio de 2008

Madeira brasileira ilegal na França


Ativistas do grupo ambientalista Greenpeace interceptaram, nesta segunda-feira, na França, um navio com carregamento de madeira brasileira. Eles afirmam que foi extraída ilegalmente. O navio foi interceptado quando se aproximava de Ouitresham, na Normandia, norte da França, na entrada do acesso ao Porto de Caen.
Cinco ativistas do Greenpeace, de nacionalidades diferentes, abordaram o navio que partiu do porto de Santarém, no Brasil, carregado de madeira que, segundo o grupo de ecologistas, foi extraída de maneira ilegal e teve a documentação falsificada.
A União Européia é a maior compradora da madeira brasileira, seguida dos Estados Unidos e da China. O grupo ambientalista quer forçar a Europa a adotar uma legislação dura de certificação de madeira, como já faz com produtos como a carne. O desmatamento é responsável por 20% das emissões de gases que provocam o efeito estufa.
“A Europa tem uma demanda, ela gera uma demanda no Brasil e ela faz com a falta de governantes no Brasil faz com que ela atinja um alto grau de ilegalidade e destruição. A Europa tem sim uma co-responsabilidade na destruição de florestas da Amazônia”, afirma Marcelo Marquesini, engenheiro florestal do Greenpeace Brasil.
A União Européia reconhece a falha e diz que está preparando uma nova legislação. As autoridades portuárias da França determinaram que o Galina 3 não pode entrar no canal que dá acesso ao porto enquanto houver ativistas a bordo. Então, o navio ancorou a poucos quilômetros da costa. O impasse pode se estender por vários dias.
O problema da extração ilegal de madeira no Brasil continua
No ano passado, só no estado de Rondônia, foram apreendidos 55 mil m³ de madeira. Esse volume é suficiente para encher mais de 1.800 caminhões. Além da dificuldade para guardar o material, as autoridades tentam resolver outro problema: qual deve ser o destino da madeira ilegal?
Nos pátios das serrarias, milhares de toras se amontoam. A madeira apreendida nas operações do Ibama no ano passado, em Rondônia, está apodrecendo: sem dinheiro para remover a carga, o instituto pretende doá-la para povoados da região, mas depende de autorização da Justiça.
“Só como exemplo, daria para construir 2,6 mil casas populares”, afirma Osvaldo Pitaluga, superintendente do Ibama em Rondônia.
Buritis, a 330 quilômetros de Porto Velho, está no topo da lista de extração ilegal. A cidade fica a apenas 70 quilômetros da Floresta Nacional do Bom Futuro, uma Unidade de Conservação Federal ameaçada também pela atividade de garimpeiros e grileiros.
Em uma única operação em dezembro do ano passado em Buritis, o Ibama apreendeu mais de 11 mil m³ de madeira. O suficiente para encher pelo menos 600 caminhões. Dessa quantidade, 2 mil m³ estavam embalados, prontos para exportação.
Dezenas de serrarias do estado foram fechadas em 2007: empresas que não conseguiram comprovar a origem dos estoques. Mas, diante das cerca de 600 madeireiras que operam no estado, pode ter sido pouco para conter o ritmo do desmatamento.




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